quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Jornalista porque?

Tárcio Mota
Ser jornalista no Brasil não é fácil, sobretudo depois da decisão do STF que permite o exercício da profissão sem a exigência do diploma. Eu sei que com o crescimento das novas mídias eletrônicas ninguém mais precisa ter diploma nem emprego para ser "jornalista", pois cada um pode fazer seu próprio jornal na internet, mas ainda assim sou contra a decisão dos ministros. (faremos essa discussão outra hora). Muitos dos que se decidem pela carreira jornalística o fazem pensando no possível status e nos holofotes das grandes empresas de comunicação do país. Ao chegarmos na faculdade nos deparamos com uma realidade bem diferente daquela imaginada e o velho sonho de aparecer na tela da TV Globo ou de ter uma coluna na Folha ou Veja acaba perdendo força. São incontáves as dificuldades enfrentadas ao longo do processo de formação na área de Jornalismo, ainda mais em se tratando de universidades públicas. No mercado de trabalho as dificuldades aumentam por conta dos baixos salários, desvalorização da classe e a dificuldade que temos de nos organizar enquanto categoria.
Não se assustem os aspirantes ao Jornalismo! Afirmo isso por ter uma convicção: jornalista não se faz, apenas, jornalista se é! Independente de todas os problemas que enfrentamos ao longo dessa árdua caminhada não dá pra comprar o sentimento de ser jornalista.
Gosto muito de uma definição do jornalista Claudio Abramo, que utilizei inclusive, no perfil deste nosso blog e que afirma: "Jornalismo é antes de tudo e sobretudo, o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter". Assim como Abramo muitos outros teóricos procuram definir o jornalismo, mas apesar disso cada indivíduo vai chegar ao seu próprio conceito levando em conta sua relação com seus conhecimentos de mundo, com o outro e as suas experiências. Concordo com Abramo, e nessa minha ainda pequena, mas valorosa trajetória , pude descobrir na prática aquilo que ele nos diz, já que o jornalismo deve ser um espaço de construção da cidadania, onde os direitos e deveres dos indivíduos devem ser respeitados e defendidos.
Diante disso entendo que ser jornalista implica a busca por uma formação acadêmica e humana onde o respeito ao outro e ao mundo em que se vive devem está presentes; ser jornalista também implica noites perdidas e várias leituras, mas não só de livros, leituras do mundo e das pessias que nos cercam. Ser jornalista também requer de nós indignação, inquietação e esperança (não só de melhores salários). Ser jornalista é um desafio, não só por conta das dificuldades que enumerei, mas pela responsabilidade que temos perante a sociedade em que se vive. Sou sonhador, tenho minhas convicções, e a prática na universidade tem aumentado ainda mais essa paixão pelo jornalismo e por toda essa complexidade inerente à profissão. Hoje tenho uma única certeza: ser jornalista vale a pena e cabe a nós a missão de vivermos o outro mundo possível e cada vez mais necessário.


2 comentários:

  1. Que maravilha Tárcio é isso mesmo. Jornalismo não é só arte ou ofício é sobretudo amor.

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  2. Concordo com você Tárcio, faço de suas palavras minhas. Para ser jornalista, acima de tudo, deve haver amor à profissão.

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