sexta-feira, 4 de março de 2011

Marighela: O inimigo número 1 da ditadura

Carlos Marighella nasceu em Salvador no dia 5 de dezembro de 1911. Filho de imigrante italiano com uma negra descendente dos haussás, conhecidos pela combatividade nas insurreições contra a escravidão. Ainda jovem despertou para as lutas sociais, ingressando aos 18 anos o curso de Engenharia na Escola Politécnica da Bahia e a militância no Partido Comunista (PCB).

Em 1936 o líder revolucionário abandonou os estudos e mudou-se para São Paulo na tentativa de reorganizar o PCB que havia sido gravemente reprimido durante o levange de 1935. A militância no Partido Comunista durou mais de três décadas, período em que foi, inclusive, eleito deputado federal pela Bahia, tendo colaborado diretamente na elaboração da constituição de 1945. No parlamento, Marighella sempre foi considerado um dos mais aguerridos deputados de todas as bancadas, tendo sempre defendido a classe operária e denunciando as péssimas condições de vida do povo brasileiro.

A luta armada e o combate a ditadura

Na década de 1950, Marighella visitou países como China, União Soviética e Cuba, conhecendo de perto suas experiências revolucionárias vitoriosas. Crescia no líder revolucionário, a crença de que era necessário organizar a resistência dos trabalhadores brasileiros contra a ditadura, pela libertação nacional e o socialismo. Marighella acreditava que só a luta armada, fundada na aliança entre operários e camponeses, seria capaz de derrotar o regime militar instaurado no Brasil em 1964. Por conta dessa posição, divergente da defendida pelo Partido Comunista, Marighella foi expulso do partido em 1967, ano em que funda a Aliança Libertadora Nacional (ALN), e dá início à luta armada contra a ditadura.

O endurecimento do regime militar, com a promulgação do AI-5, em finais de 1968, culminou com uma repressão sem precedentes. Nesse período, Marighella passa a ser apontado como inimigo público número um do governo militar e torna-se alvo de uma caçada que envolveu toda a polícia política do país. Há exatos 40 anos, na noite do dia 4 de novembro de 1969, Carlos Marighella foi brutalmente assassinado, na Alameda Casa Branca, capital paulistana, por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), sob comando do delegado Sérgio Paranhos Fleury. O martírio de Marighella não o exterminou da memória coletiva, pois um homem não desaparece com sua morte, ao contrário, pode crescer depois dela, engrandecer-se com ela.

Marighella e a República

A contribuição desse nobre baiano para o processo de consolidação da república brasileira é muito grande, haja a vista a sua bravura e coragem em defender os ideais de liberdade, soberania e cidadania. Na mensagem que enviou aos quinze presos políticos libertados em troca do embaixador estadunidense, Marighella afirmou: "O povo brasileiro começou sua caminhada. E avança decidido, ombro a ombro com os povos latino-americanos, com os olhos voltados à revolução cubana, símbolo do triunfo do movimento revolucionário armado”.

As idéias de Marighella não morreram com ele. A produção intelectual do militante comunista, deputado constituinte e fundador da ALN, vai além do Manual do Guerrilheiro Urbano, que marcou os movimentos revolucionários das décadas de sessenta e setenta. Traduzido em várias línguas, Carlos Marighella foi lido na América Latina, Europa e África, chegando até aos países árabes.

Outra iniciativa inspirada nos ideais do líder comunista é a Escola Carlos Marighella, inaugurada em 1973 no município de Sandino, província de Pinar del Rio, Cuba, e que funciona como instituto pré-universitário, desenvolvendo atividades didáticas e trabalho agrícola, é auto-suficiente e fornece alimentação balanceada para estudantes e funcionários.

A vida de Marighella e a sua luta pela soberania da república brasileira é o maior legado que esse grande homem deixou-nos. Seu nome se inscreve hoje, com honra ao lado de tantos outros que lutaram e continuam lutando pela construção de um Brasil mais justo, humano e igual. O exemplo dado por Marighella continua a iluminar a luta libertadora dos brasileiros, que buscam no dia a dia um futuro feliz para a humanidade.

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